Perguntas indiscretas

É verdade que o ditado popular diz que “perguntar não ofende”. Porém, há certas perguntas que jamais deveremos fazer a terceiros, nomeadamente a pessoas com quem não temos qualquer tipo de proximidade ou relação.

Duma maneira geral são consideradas inoportunas as perguntas do foro pessoal. Desde tenra idade que nos ensinam que nunca se pergunta a idade a uma senhora. Tentar adivinhar indiretamente a idade pode não ser uma boa estratégia. Imagine que alguém aparenta 45 e ainda só tem 37. A pessoa vai-se sentir péssima e ficar a pensar que está demasiado envelhecida. Pelo sim, pelo não, se tiver de fazer alguma referência à idade, deve promover sempre e apenas comentários animadores.

Questionar um colega de trabalho ou um amigo recente sobre religião é também um tema bastante arriscado. Como sabemos pela Constituição da República Portuguesa: o Estado é laico, pelo que cabe a cada cidadão respeitar a individualidade religiosa de cada um e não fazer comparações, ou juízos complexos sobre certos credos.

Depois surgem aquelas perguntas inconvenientes relacionadas com questões financeiras e que têm uma vasta abrangência. Algumas são tão ridículas que até chegam a ter uma certa graça. Eis alguns exemplos: “quanto ganha no seu novo emprego?”, “gosto imenso do seu sofá. Foi muito caro?” ou “está a viver muito bem. Tantas viagens…”. E ainda alguns cenários infelizes: “que carteira tão bonita? É mesmo de marca ou é imitação!?” ou “esse anel é muito original. É ouro?”. Cada um de nós é totalmente livre de fazer os investimentos financeiros que pretender, independentemente de serem oportunos, acertados ou até prioritários.

É incontornável não tocar no tema das perguntas de natureza íntima. Neste campo, nós mulheres, estamos muito expostas: “está mais magra, esteve a fazer algum tratamento?”, “com essa idade ainda não tem filhos? Não gosta de crianças?”, “não se casou por opção ou ainda está à espera do seu príncipe?”. Já pensou no embaraço que estas perguntas podem causar?!

Coíba-se ainda de comentar ou colocar as seguintes questões: “se vive em união de facto porque não casa? É contra o casamento?” ou questões de opção sexual – tema atual – “ele é mesmo gay!?”.

 

Susana de Salazar Casanova

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *